O mito da mãe incondicional, aquela que nasce para ser mãe e carrega esse “gen” em seu DNA é uma das principais razões que explica a culpa nossa de cada dia.
Até, a II Guerra Mundial a mulher praticava diligentemente o papel de “Rainha do Lar” domestica, esposa e mãe em tempo integral. Aquela que estava sempre a posto para administrar todo e qualquer problema no seio do seu lar, ser a esposa e amante fiel de seu marido e dono e principalmente cuidar e amar 24 horas do dia, a seus filhos sim digo filhos porque naquele tempo sem o advento da pílula anticoncepcional as famílias costumavam ser numerosas: 4, 5, 6 ou até mais filhos.
A família tradicional era constituída pelo marido provedor e esposa amorosa e cuidadora de seu lar.
A II Guerra Mundial trouxe mudanças profundas nesse modelo familiar. As mulheres foram convocadas a ajudar, sendo lançadas ao trabalho por força da necessidade de mão de obra em fábricas de artefatos bélicos, hospitais e enfermarias improvisadas nos campos de batalha e até mesmo nos inúmeros serviços burocráticos que organizavam tamanho aparato de guerra.
Ao final após 1945 um contingente imenso de mulheres, em quase todo o mundo foi dispensado acabou a guerra, cessou a necessidade de mão de obra barata para suprir a falta dos homens que morriam aos milhares nos ou á partir, dos campos de batalha.
Vocês mulheres, mães e esposas jovens, que não vieram naquele tempo, devem estar se perguntando. Ta, e daí???
O que isso tem a ver com a minha culpa??
TUDO!!!
Como foi dito no inicio desse texto antes da II Guerra Mundial, a família era constituída pó marido provedor e mulher cuidadora lembram?
Mas... a mulher que havia saído de casa por força da necessidade de servir ao pais, agora sentia o gosto de experimentar o mundo fora de seu lar, por força de seus desejos de realização própria de ter o aceso do salário que, alem de contribuir no orçamento da família supriria demandas de consumo, antes sob controle do provedor, o marido.
Esse divisor de águas quebrou, definitivamente, com o modelo vigente e cresceu em ondas cada vez maiores e mais fortes, empurrando as mulheres das gerações seguintes, a ocupar mais e mais espaço nos diversos campos e trabalho.
Bem, mas... E os filhos?
Escolheram!
Sair de casa plantou na mulher um dilema: como conciliar o papel de mãe com exigência criadas pela atividade fora de casa?
A palavra dilema já explica, por si, a ambivalência entre dois pólos opostos:
Faça isso ou aquilo? Decido agora ou deixo para mais tarde? Sou capaz ou não?
E desemboca , no dilema que habita a mente e o coração da grande maioria das mulheres do planeta:
Quero ser mãe... mas também quero ser eu, quero me realizar profissionalmente, quero ter meu dinheiro, quero.., quero...
A Equação está completa.
O desejo de ser mãe não elimina o desejo de buscar no mundo o seu espaço, sua identidade própria, É nesse ponto que a culpa aparece e é alimentada.
Quando decidimos que queremos ambas as posições, não podemos imaginar o que vai nos custar deixar nosso bebê na creche, na escolinha, com a tatá, coma vó, com a dinda, enfim, deixar.
Ai como dói!
Nossa razão nos diz que precisamos sair mas nosso coração nos diz que não podemos “abandonar” nosso bebê!
Ai, que culpa! Mesmo sabendo que estamos oferecendo o melhor que podemos a nosso bebê, na nossa ausência.
Mas a culpa, oh, essa fica lá no cantinho do nosso coração e não desaparece, mesmo com toda a racionalização do mundo.
Então como resolver esse dilema?? Socorro!!! Alguém pode me dizer???
Bem vamos lá!
Regra número 1:
Não existe formula mágica para isso. Podemos e devemos administrar esses dois mundos tão dispares, mas ao mesmo tempo, tão complementares,
Regra número 2:
Não nascemos mães nos tornamos mães pela força de nosso desejo em sê-lo. E também não viemos com Manual de Instruções. Aprendemos com nossos modelos parentais (mãe, vó, tia e dinda). Com esses modelos começamos a montar nosso Manual, formando nossas próprias regras, criadas a partir das experiências pessoais com nossos bebês.
Regra número 3:
Não somos prefeitas! (Graças a Deus). Portanto nosso Manual nunca vai ser o “tratamento Universal da Boa Mãe”.
Regra numero 4:
Fazemos o que podemos, como podemos e quando podemos, afinal não somos infalíveis ( ai que bom).
Regra numero 5
Falhamos , sim!
Muitas vezes! Devemos reconhecer isso e saber que o reconhecimento nos leva a tentar falhar menos, fazer diferente, buscar outro caminho, buscar ajuda.
Poderia falar indefinidamente sobre mais 20,30,50 regras mas vou finalizar com mais uma apenas.
Regra de Ouro:
Podemos deixar nossos bebê com alguém que não nós, sua mãe, podemos acordar sem a mínima vontade de ligar o “modo mamãe”, podemos ser imperfeitas, podemos falhar as vezes, mas não podemos deixar de dar amor ao nosso bebê. Tudo mais pode ser administrado quando não deixamos de ser mais amorosas. Nosso amor cura desde joelho ralado até medo de escuro, medo de ser esquecido na escola, briga com as (as) amiguinhos (as).
Amor esse sim não precisamos comprar, só precisamos oferecer, na dose que for possível, afinal, não é a quantidade, mas a qualidade.
Se você é mãe, essa é a única matéria sobre qual não é possível barganhar: AFETO.
Portanto a frase criada pela Fê e pela Graci “Mais Amor menos Caos”, é perfeita para definir quem somos nós mães.
Somos tudo isso, Mães tentando viver com mais Amor. O caos é consequência!
Kersti Lohmann Bortolini - psicóloga especializada em Terapia de Família e Sexualidade Humana
Veja abaixo live com a psicóloga Kersti abordando este tema "Culpa Materna"